Ter filhos pode ser uma das experiências mais felizes na vida de uma pessoa, mas não é necessariamente o caso 100% das vezes. Embora na sociedade atual haja uma pressão constante para que a maternidade seja vista como uma bênção, uma coisa maravilhosa e sempre positiva, a verdade é que estão surgindo vozes na mídia. Fale sobre os aspectos menos idílicos da maternidade, e eles nos contam que nem tudo que reluz é ouro.
recentemente a jornalista Samanta Villar levantou polêmica devido a declarações no jornal ABC onde dizia que depois da recente maternidade já não estava mais feliz do que antes e que ter filhos “perdia a sua qualidade de vida”. Os ataques e críticas nas redes sociais a essas declarações são um exemplo claro da idealização da maternidade.
Mas o que a ciência diz sobre a relação entre bem-estar psicológico e maternidade?
Como os filhos influenciam o relacionamento?
Uma das áreas que podem ser mais influenciadas pelo nascimento de um novo membro da família é satisfação conjugal. A organização do sistema do casal deve ser revista e ajustada, podendo até ser considerada uma crise. Isso ocorre porque esse bebê precisa de toda a atenção que puder receber e o relacionamento está ficando para trás.
Na hora de retomar a importância do relacionamento amoroso, eles aparecem problemas como a perda de privacidade do casal, O que pode afetar a comunicação e as relações sexuais.
Uma meta-análise conduzida por Jean M. Twenge, W. Keith Campbell e Craig A. Foster e publicada em 2003 no Journal of Marriage and Family mostra que a transição para a maternidade ou paternidade pode:
1. Aumente o estresse
O aumento do número de tarefas que o casal deve realizar após o nascimento do bebê aumenta seu nível de estresse e gera tensão no relacionamento. Este último se deve à menor disponibilidade de tempo para comunicação.
2. Interferir no relacionamento
A presença do novo membro da família pode afetar negativamente o a companhia do casal e suas relações sexuais.
3. Sobrecarregar papéis
Ao aumentar as tarefas a serem realizadas, pais são forçados a assumir novos papéis a ponto de ser dominado por eles.
4. Crie críticas negativas sobre o casamento
Isso acontece principalmente em mulheres com valores menos tradicionais.
O que dizem os estudos?
Os autores argumentam que também há casos em que o nascimento de um bebê pode ter efeitos positivos na satisfação conjugal, portanto, indicam que certas variáveis podem estar envolvidas no relacionamento.
A metanálise incluiu 97 artigos, correspondendo a uma amostra total de 47.692 participantes. Os resultados mostraram que:
1. Diminui a satisfação com o relacionamento
Pessoas com filhos têm menor satisfação do casal em 90 dos 97 artigos analisados. 55% das pessoas sem filhos dizem estar satisfeitas com seu relacionamento, em comparação com 45% das pessoas com filhos.
2. Quanto mais crianças houver, menos satisfação haverá
Casais com o maior número de filhos relatam um pior satisfação conjugal do que casais com menos filhos.
3. Afeta mais a satisfação das mulheres
Nas mulheres, com o a maternidade diminui ainda mais a satisfação no casal em comparação com os homens que entram em paternidade.
4. O efeito aumenta com o nível socioeconômico
O povo de alto nível socioeconômico mostra menos satisfação de torque do que aqueles localizados nos níveis inferiores.
Consequências para a felicidade pessoal
Sobre a felicidade da pessoa pelo nascimento de um bebê, um artigo recente de Jennifer Glass, Robin W. Simon e Matthew A. Andersson publicado no American Journal of Sociology onde são analisados 22 países europeus e os Estados Unidos mostra que nem todos os países trazem menos felicidade quando as pessoas são pais.
Os Estados Unidos e a Irlanda são os países onde os pais são menos felizes, enquanto países como Finlândia, Noruega, França e Na Espanha, pessoas com filhos são mais felizes do que pessoas sem filhos.
Os autores deste artigo argumentam que a falta de políticas amigas dos pais que ajudem a equilibrar o trabalho e a vida familiar cria mais ansiedade e estresse para os pais, diminuindo sua felicidade. Os resultados podem parecer surpreendentes se compararmos a facilidade de reconciliação entre os países nórdicos e a Espanha.
A maternidade é idealizada
Como vimos, ter filhos pode ter efeitos negativos na qualidade de vida de pessoas. A perda de satisfação no relacionamento, o efeito na vida sexual de uma pessoa, o estresse e a ansiedade são alguns dos efeitos que a chegada de um novo membro da família pode ter nas pessoas.
Portanto, a idealização da maternidade, silenciando todos esses efeitos negativos, está prestando um péssimo serviço às pessoas que sofrem com o desgaste emocional devido a essas mudanças importantes que ocorrem com o nascimento de um bebê. Também pode causar um falso sentimento de que os serviços e ajudas de reconciliação familiar são suficientes e, portanto, limitam a revisão das políticas governamentais a esse respeito.
Referências bibliográficas:
- Glass, J., Simon, RW e Andersson, MA (2016). Paternidade e Felicidade: Efeitos das Políticas de Equilíbrio entre Trabalho e Vida em 22 países da OCDE. American Journal of Sociology, 122 (3), 886-929.
- Twenge, JM, Campbell, WK e Foster, Califórnia (2003). Paternidade e satisfação conjugal: uma revisão meta-analítica. Marriage and Family Journal, 65: 574-583.