Dentro da fisiologia, existem diferentes regras que são sempre seguidas e que nos ajudam a compreender mais facilmente o funcionamento do organismo.
Uma das mais famosas no que diz respeito à atividade elétrica do nosso corpo é a chamada lei do tudo ou nada.. Vamos explorar as especificidades deste padrão e suas implicações.
Qual é a lei do tudo ou nada e como ela descreve a ativação neuronal
Quando falamos sobre transmissão elétrica entre neurônios e de neurônios para fibras musculares, sempre nos referimos aos potenciais de ação como aquela pequena corrente que transmite informações de uma célula para outra. Nessa transmissão elétrica do potencial de ação, duas coisas podem acontecer: que aconteça completamente na célula inteira, ou que não aconteça, mas nunca aconteça em parte. Isso é chamado de princípio ou lei do tudo ou nada.
Portanto, a corrente elétrica percorrerá todo o neurônio, desde os dendritos que a recebem, até o final de seu axônio, Que em alguns casos pode até fazer medidores. A outra opção, de acordo com a lei do tudo ou nada, é que essa corrente elétrica não seja transmitida de forma alguma, já que o potencial de ação não foi intenso o suficiente para passar do neurônio precedente para este. Não há meio termo para a distribuição elétrica neuronal.
Aqui entraria em jogo o chamado limiar de excitabilidade, e a transmissão dos impulsos nervosos requer uma certa quantidade de corrente em cada caso (dependendo das condições específicas de cada caso, pois nem sempre este é um número fixo). Caso não se atingisse esse limiar de excitabilidade, a lei do tudo ou nada seria respeitada e o impulso elétrico não seria transmitido para a célula anexada, encerrando-se nesse momento o trajeto dos elétrons.
Outra característica da lei do tudo ou nada é que, se o limiar de excitabilidade for atingido e, portanto, o potencial de ação for transmitido, ele o fará cruzando todo o neurônio com intensidade constante, Sem flutuações. Por isso, ou ocorre como um todo, retendo toda a sua força, ou não ocorre, sem outras possibilidades.
Patologias associadas: epilepsia
Nós vimos a lei de tudo ou nada explica uma das bases da atividade elétrica do nosso cérebro. O problema é quando por vários motivos, seja uma doença orgânica, trauma, tumor ou efeito de um efeito externo, entre outros, eles geram um desequilíbrio no funcionamento dos circuitos elétricos neurais.
Seria o caso, por exemplo, da epilepsia, uma doença neurológica que pode causar diversos sintomas, tanto psicológicos quanto físicos, convulsões desencadeadas por esses desequilíbrios elétricos que mencionamos em diferentes áreas do cérebro.
Quando essa patologia existe e o movimento elétrico entre os neurônios é regido pela lei do tudo ou nada, potenciais de ação de maior intensidade do que o normal são gerados em certas áreas do cérebro, Que excitam a membrana celular do próximo neurônio e, portanto, transmitem corrente, atingindo as fibras musculares e causando espasmos, enquanto em outras circunstâncias esses potenciais de ação não seriam tão altos e, portanto, não teriam causado toda essa sintomatologia.
Para corrigir esta patologia existem diferentes métodos que se mostraram eficazes, Sendo um dos usos mais comuns da farmacologia, junto com os chamados antiepilépticos. Existem 8 tipos diferentes, muitos dos quais se concentram no controle da transmissão de vários neurotransmissores que supostamente entram em conflito com a atividade elétrica do cérebro.
Mas os que nos interessam, em termos da lei do tudo ou nada, seriam aqueles que se destinam a controlar os impulsos elétricos neurais. Nesse sentido, encontramos, por exemplo, aqueles compostos cujo efeito é bloquear os canais de sódio (responsáveis pela transmissão elétrica) de ação repetitiva. Alguns dos medicamentos desse tipo mais conhecidos são a oxcarbazepina, a carbamazepina ou a fenitoína, entre outros.
Outra via farmacológica usada para resolver esse problema é tentar bloquear outros locais de transmissão elétrica., Como os canais de cálcio do tipo T, N ou L. Também encontramos outros cuja missão é modular a atividade da corrente h, que é ativada por hiperpolarização. Todos atuam na linha da correção da atividade elétrica, regida pela lei do tudo ou nada.
Críticas ao conceito do campo científico
Embora quando falamos da lei do tudo ou nada o façamos do ponto de vista da segurança que é um mecanismo que funciona em todos os casos sem deixar qualquer escolha ao acaso (por algum motivo é uma lei!), há estudos que, embora não critiquem que o conceito esteja errado, porque tal não pode ser enunciado, procuram dar uma visão mais completa., Com algumas pinceladas que mudariam a definição original.
É o caso do estudo de Vaixell et al., 2014, realizado na Universidade de Manizales, na Colômbia. Para esses autores, a noção de um direito tudo ou nada é explicada de forma parcialmente contraditória, ou pelo menos não da maneira mais adequada. E para fazer tal afirmação, eles baseiam seu estudo no processo eletrostático gerado nos canais de sódio ativados por potenciais de ação.
Os autores deste estudo explicam cuidadosamente todo o procedimento envolvido no potencial de ação e como ocorre um desequilíbrio elétrico na membrana quando atinge uma determinada intensidade, que carrega certos íons para o citoplasma e dispara a transmissão de eletricidade por toda a célula. Até agora, este é um processo observável no qual pouca discussão é necessária.
Para onde querem chegar é que no uso da fórmula verbal, lei de tudo ou nada, se atribua (ainda segundo os autores) uma espécie de capacidade de decisão para a qual, de acordo com as condições desta célula Em particular , pode ou não ser excitante com o potencial de ação, e sim uma questão que obedece a regras superiores, especialmente aquelas dos mecanismos elétricos subjacentes a todo esse processo.
Também criticam que isso se denomina lei do tudo ou nada, na medida em que a parte do “nada” é um conceito irrelevante que não fornece nenhuma informação, pois não é um fenômeno que ocorre o tempo todo. Em sua extensão máxima ou mínima (nada, neste caso), mas é uma questão de acontecer ou não.
Embora parte da discussão se centre em questões lexicais, o que os autores atribuem mais importância é a sua preocupação com a aparente falta de importância que eles acreditam ser dada aos mecanismos de ambas as moléculas e à transmissão de eletricidade, No conceito de lei de tudo ou nada.
É preciso dizer que, embora exista o referido estudo sobre esta questão, a verdade é que a fórmula do direito de tudo ou nada não tem sido causa de conflito além deste ponto, porque é um assunto estudado e aceito globalmente. salvo estas poucas excepções, considera-se que não suscita qualquer tipo de confusão e que sintetiza em pouquíssimas palavras o conceito tão claro que pretende exprimir, falaríamos, portanto, de críticas muito isoladas e, portanto, insignificantes.
Em conclusão
Estudamos em profundidade quais são as chaves para a compreensão dos processos que são acionados durante a transmissão de eletricidade entre um neurônio e o neurônio adjacente (e entre outros tipos de células, como o músculo) e a importância de compreender a lei do tudo ou nada saber como se abrem os canais (os de sódio e potássio, os mais comuns) para este movimento de íons de carga diferente que desencadeia a passagem elétrica entre célula e célula, Desde que seja alcançada a tensão necessária para isso.
Conhecer esta regra e todas as outras é essencial para ter clareza sobre um dos mecanismos mais básicos de funcionamento do sistema nervoso, e a lei do tudo ou nada é certamente uma das mais básicas, para que se quisermos entender o que está acontecendo em nosso cérebro, temos que ter isso muito claro.
Referências bibliográficas:
- Bateau, J., Duc, JE, Bateau, JA (2014). Princípio do tudo ou nada: conceito mal interpretado ou dogma errôneo? Arquivos de Medicina (Col).
- Solís, H., López-Hernández, E., Cortés-Gasca D. (2008). Excitabilidade neural e canais de potássio. Arquivos de neurociência.
- Suárez RE (1994). Limiares: contribuição para o estudo da excitação e propagação da atividade elétrica em tecidos biológicos estimulados por eletrodos externos. Montevidéu. Universidade da República.