O modelo hierárquico de Vernon: as chaves para esta teoria da inteligência

Muitos modelos foram criados a partir da psicologia para tentar explicar cada vez melhor o fenômeno da inteligência.

Um é o chamado modelo hierárquico de Vernon. É isso que enfocaremos neste artigo com o objetivo de aprofundar essa teoria e conhecer todas as peculiaridades que a diferenciam das demais. Também aprenderemos sobre os pontos fortes e fracos dessa abordagem.

Qual é o modelo hierárquico de Vernon?

O modelo hierárquico de Vernon é uma teoria proposta pelo psicólogo canadense Philip Vernon para tentar explicar como funciona a inteligência, ampliando as explicações oferecidas por outros modelos da época para interpretar e prever esse fenômeno naquela época.

Também é possível encontrar a terminologia da estrutura hierárquica de Vernon-Burt, já que Cyril Burt, psicólogo britânico, foi outro dos autores que contribuíram para a criação desses novos modelos, que se baseavam na hierarquia de fatores anteriores a d ‘ outras abordagens anteriores.

A chave subjacente ao modelo hierárquico de Vernon é precisamente que ele se baseia na premissa de que a inteligência não é uma qualidade única, mas uma gama de habilidades dentro de cada assunto, cada uma destinada a uma série de tarefas, mas não todas com a mesma importância. É justamente essa hierarquia, o elemento que distingue essa teoria.

Portanto, o que Vernon está dizendo é que certas partes da inteligência, em particular, irão dominar o resto. Seria, portanto, um modelo do tipo fatorial, com fatores dominantes e subfatores que estariam subordinados a ele. Cada fator dominante teria um grupo associado de subfatores. Ao mesmo tempo, novos níveis podem ser dados, criando uma pirâmide de fatores.

Por aqui, uma habilidade muito específica ou muito técnica em uma pessoa, seria representada no modelo hierárquico de Vernon como um dos subfatores de nível mais baixo, porque dependeria de outros fatores, cada vez mais amplos e, portanto, superiores na hierarquia.

Estrutura do modelo hierárquico de Vernon

Vimos uma primeira abordagem do modelo hierárquico de Vernon. Devemos agora continuar a investigar sua estrutura para melhor entendê-la. Já argumentamos que, para Vernon, as habilidades de inteligência mais concretas estão no nível mais subordinado de todos e, a partir daí, são degraus ascendentes para outros mais gerais.

Mas o que está no topo desta pirâmide? No topo do modelo hierárquico de Vernon, não encontraríamos nem mais nem menos do que o fator g da inteligência., também conhecido como fator cognitivo geral. Esse conceito foi introduzido por outro psicólogo, o britânico Charles Spearman.

Spearman foi um dos pioneiros das teorias de inteligência e, sem seu trabalho, grande parte da pesquisa subsequente que poderia ter dado origem a novas teorias não poderia ter sido conduzida, incluindo a que nos precedeu, a do modelo hierárquico de Vernon.

Voltando ao fator g da inteligência, precisamos saber a que ele se refere uma construção que englobaria todas as capacidades cognitivas possíveis de inteligência. Ou seja, seria inteligência total, incluindo qualquer tipo de habilidade que a pessoa em questão possa fazer. O fator g representa o ponto na estrutura onde pode haver mais variação entre diferentes indivíduos.

Já conhecemos o fator do topo da pirâmide, de acordo com o modelo hierárquico de Vernon. Continuaremos agora a avançar para continuar a descobrir as peculiaridades desta estrutura teórica. Em um nível imediatamente abaixo do fator g de inteligência, estariam os maiores fatores do grupo. Elas atuariam como categorias gerais de inteligência, em um sentido muito amplo.

Essas categorias principais seriam em número de duas. O primeiro é aquele referido as habilidades adquiridas durante o processo educacional e consistem principalmente de habilidades verbais e digitais. Esta categoria é mais ampla do que parece, pois na verdade englobaria qualquer conceito teórico que pudéssemos aprender, já que sempre será codificado verbalmente ou numericamente.

A outra categoria geral de inteligência, em vez de se referir à teoria, o faz na prática. Abrangeria todos os assuntos relacionados à inteligência mecânica, espacial e física. Dentro deste bloco, encontraríamos todas as habilidades relacionadas ao exercício. Como pode ser visto, entre as duas categorias haveria espaço para qualquer habilidade que pudesse ser incluída na inteligência.

Níveis mais baixos do modelo hierárquico de Vernon

Já temos a parte superior do modelo hierárquico de Vernon, que é o fator g de inteligência, e o primeiro degrau de subordinação, os dois grandes blocos que acabamos de ver. Se seguirmos nosso caminho de descida, chegaremos a um novo estágio, com fatores mais específicos, mas ao mesmo tempo mais subordinados aos níveis superiores.

Sob essas duas grandes categorias, que representavam os fatores do grupo maior, encontraríamos um conjunto, os fatores do grupo menor. Os menores são mais numerosos, porque já não se fala em blocos tão grandes como no escalão superior. Essas seriam vastas habilidades humanas.

Esta etapa representa um ponto intermediário no modelo hierárquico de Vernon, porque embora tenhamos dito que essas são habilidades amplas, elas permanecem mais específicas do que as categorias gerais no nível superior (lembre-se, o fator de educação, verbal -numérico e prático, espacial e mecânico física), mas, ao mesmo tempo, não são concretos o suficiente para representar habilidades específicas.

É por isso que encontraríamos mais um degrau, o mais subordinado de todos, mas ao mesmo tempo é o que representa todas as qualidades de inteligência necessárias para uma tarefa muito específica. Vemos então em todo o seu esplendor o esquema do modelo hierárquico de Vernon.

Começamos com a parte mais alta do modelo, onde está o fator g, inteligência em geral. Descendo um degrau, encontramos duas categorias principais, uma para questões relacionadas à teoria e outra para práticas. A continuação do declínio ocorre quando aparecem os fatores do grupo inferior para as habilidades sociais. EU, descendo para a última etapa, encontramos os fatores específicos, ou seja, aqueles relacionados a habilidades específicas.

A importância do modelo hierárquico de Vernon

Após revisar o esquema proposto pelo modelo hierárquico de Vernon, devemos parar por um momento para relembrar a importância que essa abordagem assumiu nos estudos da inteligência, ao longo do século XX. Portanto, devemos mencionar dois outros modelos que precederam o de Vernon.

Aquele que já antecipamos, porque seria o modelo de dois fatores (bifatorial), apresentado por Charles Spearman. Um desses fatores seria o g, do qual já falamos. Seria o fator geral de inteligência. O outro seria o fator s. Em vez disso, é o fator, ou melhor, fatores específicos.

Por outro lado, haveria a teoria dos múltiplos fatores, ou teoria das habilidades mentais primárias, Louis Leon Thurstone, psicólogo americano. A abordagem seria bem oposta à de Spearman, pois o que sugere Thurstone é que não existe um fator g geral, mas apenas fatores específicos, que corresponderiam à capacidade específica de cada um.

Considerando a divergência desses dois modelos, é então que se pode descobrir a importância do modelo hierárquico de Vernon. Na verdade, essa abordagem envolve a reconciliação entre as duas teorias. E isso porque Vernon adotou, por um lado, a ideia de Spearman de um fator geral (o fator g), mas também fatores específicos ou aptidões mentais sugeridas por Thurstone.

Exemplo de modelo hierárquico de Vernon

Para finalizar, analisaremos rapidamente um exemplo que permitirá uma melhor visualização do modelo hierárquico de Vernon. É por isso que vamos analisar uma habilidade muito específica, como a ortografia. Para fazer isso, começaremos do topo deste modelo. Qualquer habilidade, seja ela qual for, tem que começar na ponta, no fator g, porque isso engloba todas as outras..

Se descêssemos um degrau, perceberíamos que se trata de uma competência correspondente ao fator verbal-numérico, visto que é teoricamente adquirida por meio de processos educacionais. Se continuássemos a descer, já ao nível dos fatores gerais inferiores, seríamos colocados no fator da leitura, uma capacidade mais concreta mas que ao mesmo tempo pode subdividir.

E é exatamente isso que vamos fazer, descer o degrau mais baixo do modelo hierárquico de Vernon e encontrar o fator específico específico, que nos permite soletrar uma palavra. Mas esse não é o único fator específico da leitura, pois existem muitos outros, como compreensão, vocabulário, velocidade, entre outros.

Referências bibliográficas:

  • Spearman, C. (1946). Teoria geral dos fatores. British Journal of Psychology.
  • Thurstone, LL, Thurstone, TG (1938). Habilidades mentais primárias. Monografias psicométricas.
  • Vernon, PE (2014). Inteligência e ambiente cultural (Psychology Revivals). Routledge.
  • Vernon, PE (2014). A estrutura das capacidades humanas (Psychology Revivals). Routledge.

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