A inteligência não se esgota a partir dos 30 anos

É comum pensar que todas as habilidades humanas se desintegram aos trinta anos, E essa inteligência não é exceção a esta regra. No entanto, parece que isso não é totalmente verdade e nem sempre acontece com todas as habilidades cognitivas da mesma maneira.

Acredita-se, entre outras coisas, porque uma equipe de pesquisadores encontrou evidências de que certos aspectos da inteligência atingem seu pico quando passam a juventude, enquanto outros o fazem muito antes, por volta dos 20 anos.

As mil faces da inteligência

Embora todos tendamos a associar o conceito “inteligência“no conjunto de habilidades colocadas em prática ao passar no famoso teste de CIMais e mais camadas de nuances são encontradas no que pode parecer uma definição rígida e monolítica. Falamos, por exemplo, de inteligência emocional e de inteligências múltiplas, concepções de inteligência que vão muito além do que se mede nas folhas clássicas em que a resposta correta deve ser indicada. Um desses desvios interessantes na ideia intelectual ocorreu com a proposição de duas classes de habilidades cognitivas: aquelas que moldam a inteligência fluida e a inteligência cristalizada.

Essas diferentes formas de classificar tipos de inteligência não são gratuitas: são modelos teóricos que tentam explicar os processos profundos que ocorrem em nosso cérebro e, portanto, nossa maneira de pensar. É por isso que é interessante encontrar evidências de que diferentes tipos de inteligência evoluem de forma diferente. A esse respeito, um artigo publicado no Journal of Applied Psychology aponta que enquanto a inteligência fluida (isto é, aquela que está associada à resolução bem-sucedida de novos problemas) começa a declinar na terceira década de vida, a inteligência cristalizada, ligada à gestão do que já foi aprendido continua a melhorar com a idade até atingir, em alguns casos, 70 anos ou mais.

experiência

Para esta pesquisa, foi utilizado um grupo de 3.375 voluntários de 20 a 74 anos com perfil profissional de nível executivo. Como a pesquisa se concentrou na avaliação de habilidades relacionadas ao ambiente de trabalho, essas pessoas preencheram uma bateria de questões relacionadas a certas habilidades profissionais, criatividade e estilo de liderança e administração. Além de tudo isso, eles fizeram um teste de inteligência fluida e cristalizada e as habilidades associadas a cada um deles.

Para medir cada uma dessas modalidades, os testes propuseram exercícios relacionados à capacidade lógica e analítica de medir a inteligência fluida (como seguir uma série de letras), enquanto a inteligência cristalizada foi avaliada com base em tarefas relacionadas à habilidade verbal.

Depois de analisar os dados coletados, os pesquisadores descobriram que pessoas mais velhas apresentaram escores de inteligência fluida significativamente mais baixos do que aqueles com menos de 30, Especialmente após os anos cinquenta. Porém, nas tarefas de habilidades verbais associadas à inteligência cristalizada, a tendência se inverteu: a pontuação média correspondente ao grupo mais velho foi maior.

Embora este não seja o único estudo que descreve essas tendências na evolução desses tipos de inteligência, é um dos poucos que se concentra no contexto profissional. Pesquisar essa linha pode ser útil para descobrir quais tipos de tarefas são mais fáceis de resolver em uma faixa etária ou outra, com resultados que são benéficos para a pessoa e o grupo de trabalho em que se inserem.

Claro, ambos os tipos de inteligência degradam com a idadeO que acontece é que o fazem de forma diferente e a partir de um tempo diferente de maturidade. Faz sentido ser assim. A inteligência fluida é particularmente útil para a adaptação a ambientes relativamente novos, aos quais não se adaptam muito bem e que ainda podem causar circunstâncias imprevistas, dada a experiência limitada do indivíduo. A inteligência cristalizada tem uma aplicação mais conservadora, porém, relacionada à solução de problemas a partir do que já é conhecido.

Esses dois tipos de habilidades se desenvolvem em estágios diferentes, e nosso cérebro parece ser capaz de se adaptar a esses estágios, adaptando-se ao que se espera dele. De uma forma ou de outra, parece que a evolução aspira a nos tornar tão sábios quanto é.

Referências bibliográficas:

  • Klein, RM, Dilchert, S., Ones, DS e Dages, KD (2015). Preditores cognitivos e impacto negativo baseado na idade em líderes de negócios. Journal of Applied Psychology, publicação online. doi: 10.1037 / a0038991

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