É apropriado fazer da felicidade uma meta terapêutica?

A felicidade é uma meta muito popular na vida, mas … Como objetivo terapêutico, é viável?

Este é o tópico que exploraremos ao longo do artigo, junto com várias maneiras de entender o que é felicidade.

O que queremos dizer com felicidade?

Existem duas maneiras gerais de definir felicidade. O primeiro seria ligar para ela esta experiência que nos evoca um prazer intenso, que chega de forma imprevisível e efémera.

Este tipo de felicidade vivida intermitentemente e pode ser viciante, pois representa estados de felicidade aos quais existem pessoas que dedicam toda a sua vida e energia para encontrar esses momentos e agarrar-se a eles de uma forma que acaba por ser a única meta de satisfação. Eles alcançam alturas momentâneas de felicidade que procuram substituir por uma felicidade que pode ser encontrada de outra maneira, dedicando seus talentos ao serviço de metas de longo prazo.

A segunda forma de definir felicidade é aquela que tem a ver com satisfação mais geral com a vida, entendida como bem-estar subjetivo, definido pelos itens coletados na Escala de Satisfação com a Vida desenvolvida por Diener, Emmons, Larser e Griffin.

  • Na maioria dos casos, minha vida está próxima do meu ideal.
  • As condições da minha vida são excelentes.
  • Estou feliz com minha vida.
  • Até agora, consegui as coisas importantes que queria da vida.
  • Se eu pudesse reviver minha vida, dificilmente mudaria alguma coisa.

Este conceito de satisfação com a vida propõe que pode ser mais produtivo e útil alcançar a felicidade buscando estabilidade emocional e serenidade em vez de buscar picos de excitação que levam a quedas e momentos de descida. Estudos científicos indicam que a felicidade geral está mais relacionada à continuação de pequenas experiências prazerosas do que ao sucesso de alguns prazeres grandes e intensos.

Como surge o estado de felicidade?

Outra das incógnitas sobre a felicidade tem a ver com sua origem. Parece um erro pensar que a felicidade é causada por eventos externos, ou seja, pensar que poderíamos ser felizes “apenas se” algo externo acontecesse.

Sabemos por estudos empíricos que a felicidade é em parte o resultado de nossas expectativas e percepções, bem como das exigências que colocamos na vida. Em outras palavras, a felicidade surge mais de dentro e das recompensas obtidas com prazeres pequenos, mas mais previsíveis. Como vimos acima, felicidade tem mais a ver com a estabilidade emocional e serenidade alcançada através de nossa pele interior, e vai além das circunstâncias externas em que vivemos.

Certamente, podemos aumentar nosso bem-estar subjetivo ou nossa satisfação com a vida aumentando nossas experiências positivas e diminuindo nossas experiências negativas; Contudo, diminuir o sentimento negativo não significa necessariamente aumentar os sentimentos positivos, mas o afeto negativo diminui se superarmos estilos de enfrentamento relacionados a, por exemplo, uma visão ansiosa ou hostil da vida ou um comportamento mais impulsivo.

Do mesmo jeito, aumentamos os afetos positivos se desenvolvermos nossas próprias habilidades e recursos, e realizamos atividades no sentido de criar laços sociais satisfatórios, nos envolvemos em atividades gratificantes e desenvolvemos habilidades de assertividade adequadas.

O programa Fordyce

Existe um programa, desenvolvido por Michael Fordyce, para ajudar as pessoas a aumentar sua felicidade.. Consiste em colocar em prática um certo número de princípios que veremos mais tarde; a pesquisa realizada concluiu que os indivíduos treinados com os quais eles se acomodavam mais eram mais felizes do que aqueles no grupo de controle (que não haviam sido treinados nessas estratégias):

  • Seja ativo e mantenha-se ocupado
  • Passe mais tempo nas relações sociais
  • Seja produtivo fazendo um trabalho significativo
  • Organize-se e planeje coisas
  • Não se preocupe muito nem nada
  • Expectativas e aspirações mais baixas
  • Desenvolva um pensamento otimista e positivo
  • Concentre-se no presente
  • Aceitem-se, amem conhecer-se e ajudar-se mutuamente
  • Desenvolva uma personalidade social empreendedora
  • Seja você mesmo, seja autêntico, não se imponha
  • Elimine sentimentos negativos e problemas
  • Favorecer relacionamentos próximos
  • Aprecie a felicidade

O que sabemos sobre felicidade?

Em suma, estudos sobre felicidade indicam que eventos isolados da vida que produzem alegria e prazer são apreciados e podem ser valorizados, desde que não prejudiquem o valor dos pequenos prazeres diários. ser mais eficaz em devotar energias para alcançar uma vida satisfatória do que buscar apenas gratificações pontuais, transitórias e efêmeras.

Além disso, sabemos que para ter uma vida satisfatória é necessário saber administrar a insatisfação tanto quanto aumentar a própria satisfação.

Por outro lado, um bom sistema de apoio e boas relações de proximidade são essenciais para o bem-estar das pessoas.

E, finalmente, também sabemos que é saudável definir metas razoáveis ​​e alcançáveis que servem para alcançar a satisfação ao longo da vida, aproveitando o processo e esforço envolvido nos desafios da vida, ao invés de focar na realização de resultados concretos.

A felicidade é um bom objetivo terapêutico?

Então, os psicoterapeutas podem propor a felicidade como uma meta terapêutica?

Não podemos e não devemos ignorar que a felicidade é, para a maioria das pessoas, uma meta importante na vida e para a qual dedicamos energia considerável.

Agora felicidade não deve ser colocado como um objetivo terapêutico, por duas razões principais. Primeiro, porque a felicidade é algo subjetivo e é muito difícil criar uma estratégia possível para todos os pacientes, porque cada um entende a felicidade à sua maneira; e segundo porque, como já dissemos, a felicidade pode ser passageira, momentânea e também passageira.

No entanto, psicoterapeutas e psicólogos podem ajudar nossos pacientes a desenvolver fundamentos, estratégias, habilidades e competências para serem felizes, bem como ajudá-los a discernir entre estados de felicidade e bem-estar subjetivo, sendo o primeiro emocionante e efêmero, e o segundo previsível e muito mais estável, dedicando suas energias pessoais aos benefícios que levam a uma plena e completa ao fenômeno da satisfação com a vida.

Deixe um comentário