Jürgen Habermas: biografia deste filósofo alemão

Jürgen Habermas é um dos filósofos vivos mais conhecidos e mais influentes. Ele é o principal representante da segunda geração da Escola de Frankfurt e sua vida é caracterizada por uma crítica à sociedade, imersa no capitalismo avançado.

Sua reflexão sobre como a linguagem é uma ferramenta fundamental na construção e manutenção da sociedade, notadamente reforçada pela ideia de opinião pública, é uma das mais relevantes no campo da filosofia da linguagem.

A seguir veremos em profundidade a vida deste filósofo através uma biografia de Jürgen Habermas onde conheceremos sua trajetória, suas obras, os prêmios que conquistou e refletiu.

Breve biografia de Jürgen Habermas

A seguir, veremos mais de perto a vida desse grande pensador, que apesar da idade avançada ainda hoje é muito ativo no meio filosófico e na mídia especializada na área.

primeiros anos

Jürgen Habermas nasceu em Düsseldorf, Alemanha, em 18 de junho de 1929, Em uma família protestante. Seu avô era o diretor do seminário de Gummersbach, aldeia onde morava a família. Seu pai, Ernst Habermas, era diretor executivo da Câmara de Comércio e Indústria de Colônia e, segundo o próprio Jürgen, era simpatizante do nazismo. Ele continuaria a residir em Gummersbach até se formar no ginásio (colégio alemão).

Sua infância foi difícil, pois desde o nascimento teve que lidar com um paladar pálido, o que dificultava a fala, por isso outras crianças mostravam rejeição. Apesar de ter passado por duas cirurgias corretivas, essa falha o marcaria, fazendo-o refletir sobre a importância da comunicação desde cedo. Além disso, em sua infância e adolescência ele testemunhará mudanças sociais na Alemanha, Uma época em que o Partido Nazista assumiria o controle da sociedade alemã.

Educação universitária e escola de Frankfurt

Mas os tempos difíceis passaram e, após a Segunda Guerra Mundial, Habermas pôde estudar nas universidades de Göttingen (1949-1950), Zurique (1950-1951) e Bonn (1951-1954).. Em cada uma delas ele aprenderia história, psicologia, literatura alemã, economia e filosofia, obtendo seu doutorado nesta última disciplina em 1954. Ele apresentaria sua tese “Das Absolute und die Geschichte. Von der Zwiespältigkeit in Schellings Denken” (Absoluto e história: divergências no pensamento de Schelling).

Em 1953 publicou seu primeiro artigo, uma crítica à obra de Heidegger “Introdução à Metafísica”, intitulada “Mit Heidegger gegen Heidegger denken” (Pensando com Heidegger contra Heidegger), sendo particularmente severo contra a posição de Heidegger sobre o nacionalismo. Nos anos seguintes, publicou também outros artigos na imprensa.

Em 1955 foi convidado por Theodor Adorno para participar da reabertura do Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt. Aqui ele entraria em contato com a pesquisa social empírica, reorientando seus estudos para uma teoria crítica da sociedade e alternando com a escola de Frankfurt.

De lá até 1959 ele foi assistente de Adorno e, com o tempo, se tornaria o principal representante da segunda geração da escola de Frankfurt, e tornou-se uma figura de proa da “teoria crítica”, corrente filosófica defendida por esta escola. Essa corrente vai fascinar os jovens do movimento estudantil dos anos 1960.

Anos de ensino

Entre 1964 e 1971 trabalhou como professor na Universidade de Frankfurt, e foi neste período, mais precisamente em 1968, que obteve grande interesse e projeção internacional graças à publicação do seu livro “Conhecimento e interesse”.

Após sua cátedra em Frankfurt, ele trabalhou como professor de filosofia em Heidelberg. Entre 1971 e 1980, foi diretor do Instituto Max Planck em Stamberg. Em 1983, ele obteve a cadeira de filosofia e sociologia na Universidade Goethe em Frankfurt, Universidade na que permaneceria até sua aposentadoria em 1994 e passando a ter reconhecimento como professor emérito.

Hoje ele ainda é muito ativo como professor, tendo se formado como “Professor Visitante Permanente” na Northwestern University (Evanston, Illinois) e “Theodor Heuss Professor” na New School (Nova York). Ele também recebe inúmeras entrevistas e, embora tenha apenas 91 anos, não para de intervir em muitos aspectos da filosofia do século XXI..

reconhecimentos

Em 1986 recebeu o Prêmio Gottfried Wilhelm Leibniz da Deutsche Forschungsgemeinschaft, a mais alta distinção oferecida em território alemão no campo da pesquisa. Em 2001 recebeu o prestigioso Prêmio Alemão de Livreiros pela Paz e em 2003 teve a honra de receber o Príncipe das Astúrias das Ciências Sociais. mais tarde ele recebeu o Prêmio Holberg por suas contribuições à filosofia e sociologia.

Ele tem doutorado honorário de várias universidades ao redor do mundo, incluindo Jerusalém, Buenos Aires, Hamburgo, Northwestern University Evanston, Utrecht, Tel Aviv, Atenas e a New School for Social Research em Nova York. Além disso, ele tem o privilégio de ser membro da Academia Alemã de Língua e Poesia.

os trabalhos dela

As principais obras publicadas por Jürgen Habermas são: História e Crítica da Opinião Pública (1962), Teoria e Prática (1963), A Lógica das Ciências Sociais (1967), Conhecimento e Interesse (1968), Ciência e Tecnologia como Ideologia (1968), Culture and Criticism (1973), The Crisis of Rationality in Evolved Capitalism (1973), The Reconstruction of Historical Materialism (1976), Theory of Communicative Action (1981), Moral Consciousness and Communicative Action (1983) e o discurso filosófico da modernidade ( 1985).

pensamento filosófico

O pensamento de Habermas é herdado da “dialética da ilustração” de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, Com quem compartilhou um projeto filosófico e sociológico de reflexão moral sobre o desenvolvimento do capitalismo avançado. Habermas propôs um marxismo heterodoxo, que abandona a ideia de uma organização exclusivamente produtivista da sociedade e que, segundo ele, estaria na origem do empobrecimento da esfera vital.

Embora se enquadre na teoria crítica da Escola de Frankfurt, seu trabalho adota perfis divergentes dos de seus professores. Habermas tenta encontrar o contato entre o teórico e o prático.Diante da alegada neutralidade do conhecimento científico, sempre erroneamente considerado sempre positivo e sinônimo de progresso. Segundo o filósofo, uma objetividade alheia a valores e interesses não é possível, uma vez que se baseiam em uma razão puramente instrumental.

O pensamento de Emmanuel Kant e Karl Marx desempenha um papel importante em sua obra. Uma das características do pensamento de Kant é ver que existe uma estreita ligação entre a filosofia da razão, que é muito ambiciosa em termos normativos, e uma teoria empírica da sociedade. No entanto, fará uma crítica importante a Karl Marx, que, em sua opinião, reduz a práxis humana a uma técnica, no sentido de que Marx atribui importância fundamental ao trabalho como eixo da sociedade, ignorando um aspecto fundamental. Por Habermas: interação mediada pela linguagem.

Para Habermas e ao contrário de Marx, a mudança social deve ocorrer em um domínio simbólico, No campo da comunicação e compreensão entre os sujeitos. Para Habermas, houve três crises: a crise das filosofias teológicas ou metafísicas, a crise da legitimação do Estado contemporâneo e a crise do positivismo jurídico. Para superá-lo, ele propõe a teoria da ação comunicativa, com os fundamentos de Kant, em que se propõe não a impor uma lei, mas a propor uma teoria da aspiração universal.

Embora Habermas use o conceito filosófico de razão, usando-o explicitamente em termos da filosofia da linguagem, ele o faz para desenvolver uma teoria social. Sua primeira obra importante, História e crítica da opinião pública (1962) uma análise da transformação estrutural da esfera pública, criticando a ideia de opinião pública e recuperando uma visão democrático deste conceito. Ele procura distinguir entre a opinião pública manipulada e a opinião pública crítica.

Deve-se notar que Habermas muitas vezes foi mal interpretado na Alemanha. Para ir mais longe, algumas de suas posições foram confirmadas e exageradas por movimentos extremistas, a exemplo do caso do “Grupo do Exército Vermelho” que se inspirou, em parte, na crítica social dirigida por Habermas. Ironicamente, desde 1967 Habermas denunciou repetidamente o que chamou de fascismo de esquerda, isto é, movimentos supostamente sociais e pró-progresso, mas com um ar fascista.

Em 1968 ele fez uma crítica ao positivismo e sua técnica na ciência e a técnica como ideologia, Em que levantou uma série de questões sobre possíveis formas de coexistência entre sociedades industriais avançadas e regimes democráticos. Seu objetivo principal era, como objetivo principal, lembrar que a liberdade e a justiça são os pilares indiscutíveis dos valores democráticos comuns.

Referências bibliográficas:

  • Habermas, J. (1962): História e crítica da opinião pública. Gustavo Gili, Barcelona, ​​1981. ISBN 978-84-252-2015-9
  • Habermas, J. (1963): Teoria e Prática; Teoria e prática. Estudos em filosofia social. Tecnos, Madrid, 1987. ISBN 978-84-309-1423-4
  • Habermas, J. (1967): A lógica das ciências sociais. Tecnos, Madrid. ISBN 978-84-309-4522-1
  • Habermas, J. (1968): Conhecimento e interesse. Taurus, Madrid, 1981. ISBN 978-84-306-1163-8
  • Habermas, J. (1968): Ciência e tecnologia como ideologia. Tecnos, Madrid, 1984. ISBN 978-84-309-4520-79
  • Habermas, J. (1971): Perfis filosófico-políticos. Bull, Madrid, 1984. ISBN 84-306-1249-1
  • Habermas, J. (1973): Problemas de legitimação no capitalismo tardio. Amorrortu, Buenos Aires, 1975. ISBN 978-84-376-1753-4.

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