Emil Kraepelin: biografia deste psiquiatra alemão

O nome de Emil Kraepelin é bem conhecido pela maioria dos psicólogos e psiquiatras do mundo como o fundador da psiquiatria moderna.

Entre suas principais contribuições encontramos que ele é o responsável por ter gerado um sistema de classificação das doenças mentais baseado na manifestação clínica de sujeitos com problemas mentais como os que existem hoje (sendo um dos pioneiros no desenvolvimento da nosologia) e a distinção entre transtornos como demência precoce (mais tarde chamada de esquizofrenia de Bleuler) e doença maníaco-depressiva (transtorno bipolar atual).

Neste artigo, apresentaremos uma breve biografia deste importante psiquiatra.

Biografia de Emil Kraepelin

Emil Kraepelin nasceu em 15 de fevereiro de 1856 em Neustrelitz, Alemanha. Filho de Emilie Kraepelin e Karl Kraepelin, o último professor. Ao longo da vida adquiriu um certo gosto pela botânica (provavelmente por influência de um dos seus irmãos, um biólogo) e um grande gosto pela música, literatura e poesia.

Treinamento

Kraepelin sentiu desde o início um grande interesse pelo mundo da medicina e da biologia, a partir de 1875 para estudar medicina na Universidade de Wurzburg. Já durante seus estudos ele se interessou muito pelo campo da psiquiatria e da psicologia, Foco nesta área principalmente após uma estadia no laboratório experimental de Wilhelm Wundt em Lepizig, realizando um curso com o pai da psicologia científica e aprendendo os métodos psicofísicos por ele utilizados. Mais tarde, ele trabalharia como assistente de Von Rinecker no referido hospital psiquiátrico universitário.

Doutorou-se em 1878, com uma tese baseada no efeito da doença no aparecimento de transtornos mentais, na qual também trabalhou aspectos como o papel da psicologia na psiquiatria.

Formação de pós-graduação

O ex-presidente do comitê de avaliação de teses, Bernhard von Gudden, irá recrutá-lo como assistente no hospital psiquiátrico de Munique, trabalhando em aspectos relacionados à neuroanatomia por quatro anos.

Depois vai estudar neuropatologia em 1882 com Flechsig, ainda em Leipzig, e mais tarde foi voluntário com Erb e Wundt no departamento de doenças nervosas e no laboratório experimental de Wundt, estudando em particular aspectos relacionados com a prática clínica. pesquisas sobre o uso de substâncias ou fadiga.

Preparação do tratado de psiquiatria

Seria durante esses anos que Wundt lhe sugeriria que fizesse um quadro dos vários transtornos mentais. Contudo, Kraepelin iria muito além do esperado, formulando seu próprio sistema de classificação com base na manifestação clínica problemas mentais. Em 1883, surgiria o Tratado de Psiquiatria, que serviria de base para o desenvolvimento de classificações diagnósticas subsequentes (incluindo as últimas edições do DSM). É nesse momento importante que surge a moderna nosologia psiquiátrica.

Essa classificação seria realizada e levaria em consideração não apenas as manifestações clínicas, mas também sua etiologia, dividindo os transtornos mentais em endógenos e exógenos. Kraepelin considerou as causas dos transtornos psiquiátricos como sendo principalmente biológicas.

Além desta importante publicação, no mesmo ano graduou-se no departamento médico da Universidade de Leipzig e depois trabalhou novamente com Gudden no hospital psiquiátrico de Munique.

Em 1886, foi nomeado professor da Universidade de Dorpat, na Estônia, onde sucedeu a Emminghaus. Trabalhou neste posto enquanto aperfeiçoava seu tratado até que desentendimentos com o czar o levaram a deixar o cargo em 1890. Partiu para Heidelberg, onde conheceu e trabalhou com Alois Alzheimer, com quem acabou contribuindo para o estudo do que hoje é conhecido como Doença de Alzheimer. Ele também estudaria aspectos como sono e memória.

Demência prematura e depressão maníaca

Embora já tivesse publicado várias revisões de seu Tratado de Psiquiatria, foi somente na sexta edição, publicada em 1899, que deu outra de suas maiores contribuições: a criação e distinção de conceitos de demência. Precoce (esquizofrenia atual, mostrando paranóia ) subtipos, hebefrênico e catatônico) e doença maníaco-depressiva (transtorno bipolar atual), estabelecendo alguns de seus sintomas característicos por meio de estudos longitudinais.

Voltar para Munique

Junto com a doença de Alzheimer, ele retornou em 1903 a Munique, onde foi nomeado professor de psiquiatria na Universidade de Munique e participou da fundação e gestão do Königlische Psychiatrische Klinik. Sua pesquisa nesta época se concentrava no estudo dos transtornos mentais em diferentes culturas, o que o levou a viajar com freqüência para diferentes países.

Naquela época, ele também faria pesquisas sobre o álcool, o que acabaria levando-o a voltar à abstinência e até mesmo a fazer seu próprio refrigerante, uma espécie de limonada chamada “Kraepelinsekt”. Ele tentou promover a criação de instituições para alcoólatras, mas sua proposta não foi apoiada.

A referida clínica será transformada no Instituto Alemão de Pesquisa Psiquiátrica entre 1917 e 1918.Mas o advento da Primeira Guerra Mundial praticamente levou à sua falência (foi somente com a ajuda da Fundação Rockefeller que seu fechamento foi evitado).

Morte e herança

Passou os anos seguintes trabalhando no Instituto e na nona edição já naquela época do Tratado de Psiquiatria. Emil Kraepelin morreu em 7 de outubro de 1926 na cidade de Munique, aos setenta anos.

O legado de Kraepelin é vasto: ele é o primeiro autor a criar uma nosologia psiquiátrica e uma forma de classificar as doenças mentais que continua a ser usado até hoje. Embora seus rótulos diagnósticos não sejam mais de uso comum, eles deram lugar a outros nomes e pesquisas relacionadas a vários transtornos.

Referências bibliográficas:

  • Laín, P. (1975), História universal da medicina, Barcelona, ​​Salvat, vol. 7, pág. 289-294.
  • Engstrom, EJ (1991). Emil Kraepelin. Psiquiatria e relações públicas em Wilhelmine, Alemanha. History of Psychiatry, vol. 2; 111-132.

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